Mas antes de falar sobre Racismo Ambiental, quero trazer a diferença entre preconceito, discriminação e racismo.
Preconceito é uma opinião formada respeito das
pessoas antes de conhecê-las. É um julgamento precipitado e superficial, ocorre
baseado na falta de conhecimento ou em estereótipos.
A discriminação é o tratamento
diferenciado dado a uma pessoa ou a um grupo específico em razão do
pertencimento a uma determinada raça, cor, sexo, nacionalidade, etnia,
orientação sexual, identidade de gênero ou outra característica. Podendo ser
causada pelo racismo ou preconceito.
Já o racismo se baseia principalmente na existência de
hierarquia entre grupos humanos. Considera que as diferenças entre raças
permitem que uma seja dominante sobre outra. É um resultado do preconceito, causado pela antipatia ou ódio.
O que é Racismo Ambiental?
É importante compreender que Racismo ambiental nasceu dentro de um conceito de luta, ele nasceu da luta, da resistência. Ele surgiu da organização de populações atingidas por empreendimentos de grandes e pequenos portes, mas possuíam um dano altamente agressivo ao ambiente.
É preciso entender que todo o processo de conflito ambiental implica em processos de ‘injustiça ambiental’, ou seja, os danos ambientais são distribuídos de forma desigual e sempre existe populações que sofrerão muito mais com os danos ambientais do que outras.
E geralmente essas populações são as minorias, os quilombolas, as populações tradicionais, indígenas, ribeirinhas e etc.
Onde e quando surgiu o conceito Racismo Ambiental?
O conceito racismo ambiental surgiu a partir da percepção de populações, na década de 80, situadas no condado de Warren Country na Carolina do Norte, nos Estados Unidos.
Essas populações perceberam que a localidade onde moravam, era uma localidade de deposição de um produto químico altamente tóxico. E notaram também que esta localidade era composta majoritariamente por pessoas negras.
A partir dessa percepção e da organização dessas populações criou-se um movimento de contestação de luta pautado na ideia do Racismo Ambiental, baseado na ideia de que os danos ambientais são distribuídos desigualmente e que as populações mais atingidas são as que estão associadas à perspectiva do racismo, sofrem justamente por sofrerem racismo.
E foi a partir daí que surgiu o conceito, enquanto um conceito de luta, a partir da ação. Não como um conceito acadêmico, o criado por intelectuais ou por organizações não governamentais.
Essa ideia dissimilou na américa latina e no especificamente no brasil após a Eco 92. A partir de então a ideia de racismo ambiental passa ser um conceito acadêmico, passando a ser chamado de “justiça ambiental”,
E a partir daí além das populações negras passou a abranger também as populações atingidas por esses danos desigualmente distribuídos no território.
Num evento paralelo a Rio +20, a Cúpula dos Povos, organizado por coletivos, movimentos sociais e populações indígenas no rio de janeiro. O conceito de ‘justiça ambiental’ volta se atrelar fortemente a ideia de racismo ambiental, e novamente enquanto uma categoria da luta, da ação política e da resistência.
É importante entender nesse processo, o histórico dos efeitos do racismo ambiental, principalmente num momento em nota-se no Brasil, o aumento dos conflitos ambientais e dos processos de injustiça.
Acredito que nos próximos anos os casos de justiça ambiental aumentarão, pois neste sentido está ocorrendo a flexibilização do licenciamento ambiental, o novo código florestal, temos a questão do novo processo demarcação de terras indígenas e de territórios quilombolas.
E isso provoca o
aumento dos processos de injustiça ambiental que estão maneira
intrínseca ligados a esses processos de racismo ambiental.
Por isso a
importância que a academia, as organizações e a população em geral abracem esta
ideia, este conceito e trazendo para si como um instrumento de luta contra esta
forma de exclusão.